quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Dia de S. Valentim

Celebra-se, hoje, o dia de um santo que foi morto por casar às escondidas jovens soldados romanos e as suas prometidas. Conta a história que o imperador, percebendo que os soldados mais valorosos eram os solteiros, proibiu que estes se casassem. Valentim, então padre, casava os soldados, entre ruas e vielas, o que levou a que fosse decapitado!

A história não tem muito de bonito, quanto muito, tem de romântico, numa nuance que Shakespeare apreciaria, com mortes e sangue à mistura. Tempos volvidos e o dia de S. Valentim tem duas finalidades: Deprimir aqueles que estão sem namorado, ou então, fazer com que aqueles que foram abençoados com uma cara metade, possam gastar mais uns trocados.

Não quero parecer amarga, mas há medida que hoje fui recebendo os habituais "Feliz Dia de S. Valentim", seja por messenger, no café ou nos corredores, fui dando comigo a reflectir no que teria este dia de tãoooo especial. Conclusão: mas porque é que tínhamos que inventar um dia, em que as pessoas têem que se lembrar que há alguém na sua vida, que é especial!?!? Ora essa...

Continuei a pensar... Será que gosto do dia de S. Valentim? Não sei... Não é feriado (o que é pena)! Gostava sim, que existisse uma preocupação constante em construir relações em que todos os dias tivessem algo de especial.

Agora, podem vocês caros leitores ausentes, comentar este meu idealismo. Bem, de idealismo, tem pouco. O amor, cientificamente falando, pode ser descrito como a articulação de 3 variáveis, que se organizam num triâgulo. Pensem no curioso que isto é, já que se diz que no amor "3 é demais". Mas continuemos. Uma das teorias mais aceites é a de Sternberg, que refere que o amor se desenvolve assente na Paixão, no Comprometimento e na Intimidade. A sua teoria vai mais longe afirmando, mesmo, que a inexistência de um desses três vórtices faz surgir um novo sentimento.
Ora, se tivermos em conta que a paixão dura, máximo dos máximos, 3 anos, e a intimidade está estabelecida ao fim de 6/7 anos, então, podemos compreender porque é que os relacionamentos têm a crise dos 3 e dos 7 anos!

Mas não é sobre isso que me quero debruçar... Voltando à vaca fria! Se nós tivessemos uma preocupação em cuidar das nossas relações, saberíamos que a paixão, apesar de acabar pode sempre iniciar novos ciclos. As pessoas podem desenvolver novas formas de intimidade, e o comprometimento vai sempre crescendo na razão desses dois vórtices. O comprometimento está muito ligado à amizade e à capacidade de assumir compromissos com a pessoa que amamos. O Compromisso poderá ser manter a chama da paixão acesa... Todos os dias são bons para oferecer uma flor. Para fazer uma surpresa. Para rechear o quarto de velas! Para jantar na praia, enrolados numa manta... Para fugir para o pinhal e fazer um pic-nic. Para jogar um jogo mais caliente... A Paixão é feita de ternuras... Mas acima de tudo, de uma relação sexual equilibrada e vivida numa plenitude dual!

Já a intimidade precisa de uma renovação mais elaborada. Não é fácil manter o nível de intimidade numa zona óptima. Esta implica muita confiança... Para que a intimidade nunca se esgote é necessário ter sempre coisas a descobrir. Se vivermos colados uns aos outros, torna-se impossível. «Não percas o teu mistério», frase sábia do pai do rock'n'roll português, mas é um facto. O mistério promove a procura de intimidade e acende um pouco mais a paixão.

O comprometimento faz-nos acreditar que temos um compromisso com aquela pessoa. Não me vou pôr a ditar leis moralistas porque não sou ninguém para o fazer. Um acordo é entre duas pessoas, e desde que ambas se sintam felizes, é sinal que o comprometimento é o correcto.

Por isso caros valentianos, que procuram o reancender das chamas da paixão neste dia, tenham calma, guardem um bocadinho para o resto do ano, e verão que. S. Valentim é como o Natal...Vermelho!!! Mas também, quando um homem quiser.