quinta-feira, 17 de maio de 2007

A sensibilidade dos machos

Às vezes espanto-me com a sensibilidade dos homens, seja pela positiva como pela negativa. Homens de Portugal, e ocasionais leitores do meu blog, não quero, de forma alguma, ofender a parte complementar da mulher. Compreendo a vossa presença, a necessidade que temos de estar ligados a vocês, mas temos que convir que a educação e a socialização são coisas (quase) impossíveis de contornar.

Passo a explicar o meu ponto de vista… Nós as mulheres somos bichos complicados, não desminto. No entanto não viemos de Vénus, e não custa assim tanto tentar compreender o nosso funcionamento. Aproveito para vos deixar uma novidade: vocês não são, igualmente, fáceis de contentar!!!!

Mas vamos por partes… Acho que há coisas básicas que um homem, um companheiro, deve ter com conta quando fala com a sua companheira (desculpa amiga, mas não consigo arranjar palavra para substituir este termo que tanto detestas… avante). Por exemplo, não se fala desinteressadamente do corpo de outras mulheres, não se fazem reparos nem comparações por mais honestas que sejam, e mesmo que não tenham segundas intenções complementares. É complicado pensarmos que podemos não ser o protótipo, o arquétipo perfeito dos homens que amamos. Desilude, magoa, complica-nos o sistema emotivo-racional de que tantos nos orgulhamos.

Tenham, também, em atenção que o nosso silêncio, não é apenas ausência de qualquer sentimento ou pensamento… Pelo contrário… significa tudo o que não querem saber, o que ignoram, e tudo aquilo que nos desagrada.

Sei que têm razão que quando dizem que devemos ser directas, verbalizar, não rodear… Mas uma mulher não seria mulher, se não fizesse curvas para andar em linha recta. Aliás… devo lembrar-vos que foi o bambolear curvilíneo das nossas ancas, às voltas pela pista, pela rua ou pela praia que, inicialmente, vos encantou.

Mas também há homens demasiado sensíveis… Que amam demais… Que são por demais emotivos. E que, por isso, sofrem muito mais do que qualquer mulher quando são abandonados. E isso é apreciável. Porque apesar de nos podermos identificar com eles, não vivemos o duelo de sermos objectivos e ao mesmo tempo de sermos emotivos. Não recai sobre nós o estereótipo de um homem frio e insensível que não liga aos sentimentos da mulher amada. Discriminamos e colocamos de parte homens que nos abraçam, que nos ouvem, que nos acolhem em seu coração como sendo as pessoas mais belas e adoradas do mundo.

No fundo, consigo perceber porque homens e mulheres nunca se entendem… Porque querem, sempre, aquilo que não pode ser dado.

Não é fácil agradar quem está ao nosso lado… Há sempre pormenores que nos passam ao lado e que provocam a maior desilusão. Há acções que nos ferem e que pareciam inofensivas aos olhos de quem as pratica. Pensamos, muitas vezes, estar a fazer o melhor possível e, no entanto, estamos a falhar redondamente.

Analisando bem as coisas, homens e mulheres são mais parecidos, na sua essência, do que aquilo que desejariam… e muitas vezes, acabamos por nos anular com medo de nos interpretarmos mutuamente…

quarta-feira, 16 de maio de 2007

São dias assim...

Há dias complicados. Por mais que uma pessoa se queira manter idónea, correcta, há situações que nos deixam fora de nós.

Não é fácil viver-se num mundo de desigualdades subtis, em que o status e o papel que ocupamos são mais importantes que o companheirismo e que a simpatia. E infelizmente não podemos mudar os outros.

Isto deixa-me a reflectir e leva-me a perceber que apenas posso mudar-me a mim mesma. Pode ser que esse seja o caminho. O tentar encontrar-me a mim, antes de confrontar os outros na sua existência. Percebo que essa seja a única solução para os problemas relacionais, já que os outros se consideram sempre correctos na sua posição.

Reflectindo nesse aspecto, vejo que não sou ninguém para verificar que estes não estão correctos. De facto, não sou ninguém para os julgar nas suas posições. Mas uma vez na vida gostava de ser capaz de não me irritar com essas situações. Gostava de ser capaz de lidar com tudo de outra forma, de me impor pela ausência de irritação e de revolta. A sorte é que passa depressa. E daqui a uns segundos já não vai ter importância nenhuma!

Tento pensar, nestes momentos, que o sol brilha, que a terra gira, que há quem esteja na praia a contemplar o mar, quem coma um gelado saboroso, que tenho amigos, liberdade, namorado, família... Que sou mais completa e complexa que estes problemas, que vou conseguir ultrapassá-los. Que posso fazer uma catarse através destas palavras, esquecer-me dos acontecimento e relevar a natureza humana menos perfeita.

Somos todos imperfeitos... Tudo só pode ter origem na nossa imperfeição.