quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Tempo

Antecipação... Mais um feriado que antecipo com uma preguiça no corpo, típica de um domingo solarengo de Inverno. Lá fora, o tempo escurece a uma velocidade alarmante, mostrando a passagem das horas. O frio instala-se, e como não tenho nada para fazer (!) resolvi vir dedicar-me um pouco às minhas deambulações mentais...

É curioso pensar na velocidade a que o tempo passa. Ensinam-nos os senhores entendidos na matéria (também os há, os que estudam o tempo) que podemos ter tempo real (cronológico), que se sucede de forma idêntica e matemática, e o tempo psicológico. De facto, a passagem do tempo nada tem de real...

O que é o tempo? Sabemos que existe tempo porque temos um fim. É esse ponto de chegada (e o nosso ponto de partida) que nos dá a habilidade de pensarmos temporalmente. De facto, como ele não existe (tudo é relativo), a forma como passa este construto depende muito de variáveis psicológicas. Quando estamos fartos de estar numa fila, o tempo passa... devagarinho! Nunca mais! Mas assim que estamos a fazer qualquer actividade que nos satisfaça, ou em que temos dead-lines... Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii (plageando o Pedro Ribeiro)... Passa que é uma maravilha.

Mas este não é, pelo menos para mim, o fenómeno mais curioso associado ao tempo! Já pensaram como o tempo passava quando nós eramos mais pequenos, ou mesmo no "tempo" dos nossos avós... As vidas pareciam mais longas e conjuntamente, mais lentas... O ritmo era totalmente diferente!!! Será que o tempo está mais rápido? Bem, acho que de acordo com os físicos (do qual nada percebo) esse fenómeno só se daria se, por algum motivo, a expansão do universo ocorresse de uma forma mais acelerada... E mesmo assim, nem sei se sentiriamos essa diferença...

Quanto a mim a ideia que me dá, é que as pessoas vivem em tempos cronológicos diferentes! A mim, os dias parecem-me suceder-se de uma forma alucinante, por outro lado, para outras pessoas mais velhas, parece-lhes que os dias continuam intermináveis... Será que somos nós que fazemos o tempo em que corremos? Será que o tempo é uma característica interna, instrínseca e com variabilidade individual? É estranho pensar assim, mas a passagem do tempo é relativa!

Por outro lado, quando somos pequenos os dias parecem muito mais longos, e não têm mais horas! Correndo o risco de roubar este raciocínio a uma pessoa que muito estimo, há medida que envelhecemos, o peso de um dia na nossa vida vai-se tornando menor (logo mais rápida), pois estamos cada vez mais perto do nosso fim!

De facto, não está longe de ser verdade... Se trouxermos informação que nos predestine o fim para um dado dia, então, mais certo se torna!

E pensar que esta coisa, esta ideia, que nos orienta em tudo, é tão relativa... Será que aproveitamos bem o nosso tempo? Com que nos ocupamos no nosso tempo... Temos tempo ocupado, tempo livre, e tempo de descansar... Temos "tempos" na nossa vida, e às vezes precisavamos de tempo para que o tempo parasse... O tempo é quase como o sal... É essencial para a nossa vida e não saberiamos quem éramos se o tempo parasse... Seríamos eternamente o que estavamos no momento da paragem...

Complexo... mas o tempo... é relativo!
Vou fazer qualquer coisa de útil com o meu!

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Os "doces" da nossa existência...

Docinhos, é prá menina, e pró menino!

Ai meus queridos ouvintes, se o chocolate fosse água, tenho a certeza que conseguia ingerir um litro e meio por dia, sem sequer me queixar!

Fora de brincadeiras, já são poucos os prazeres que de proibido, pouco têm. A sociedade, com os seus tectos, impõem-nos, a todos, limites. Sejam eles comportamentais, perceptivos ou corporais. Acho que ainda estou em choque a morte de uma modelo brasileira... Convenhamos, não pelo facto de ter sido uma morte prematura, evitável, autêntico suicídio inconsciente, mas pela atenção que esse caso gerou! Paremos para pensar... Será que nunca tinhamos ouvido falar em anorexia? Distúrbios alimentares, perturbações alimentares?!? Cá está! Fechamos os olhos a tudo o que nos circunda. Quantas raparigas, impelidas por questões culturais, um pouco cruéis, não terão perecido perante a necessidade de terem uma imagem corporal inalcançável? Será que o caso desta modelo brasileiro é especial? Não me parece... Apenas teve mais visibilidade.

E bouuummmm... De repente, um boom de sensibilização surge por todos os lados... Um pouco no seguimento das medidas (palavra interessante para inserir aqui) implementadas em Madrid, num evento de moda nacional, a OMS impõem-se (agora?!?) e procura um acordo que impossibilite que modelos com um número de roupa abaixo do 38, ou com um Índice de Massa Corporal abaixo de 20, desfilem... Bem, passaríamos de um extremo ao outro. Os estilistas ver-se-iam obrigados a reverem as suas medidas, e a magreza extrema entraria novamente em decadência: voltaríamos ao tempo da "gordura é formosura"!

Cá esta mais um predicado da nossa sociedade... Não somos capazes de impôr um meio termo a nada. Estamos a esquecermo-nos que a anorexia não tem apenas causas alocadas a uma sociedade preversa, que procura emagrecer todos que nela existem... Pelo contrário... Estamos a esquecermo-nos de personalidades predispostas a tal, de sistemas familiares disconexos, de uma necessidade de rever valores pessoais, ao invés de revermos os números das medidas perfeitas.

A adopção de um estilo de vida saudável não passa por modificar os parâmetros da moda!!! Sejamos menos hipócritas, o problema vai mais fundo... Uma sociedade que valoriza os valores da posse, não promove estilos de vida de calma e cooperação! Queremos ter o corpo das actrizes, das modelos, mas essencialmente, queremos alcançar a felicidade e o bem-estar através disso!
Enganos... Doces... Quanto mais não vale um docinho de vez em quando! Podemos não contornar nenhum dos aspectos psicossociais referidos, mas pelo menos, alegramos a alma!

Beijos a todos que conseguem romper com dietas, sem sofrer com isso!

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Paradoxos

Estas coisas de escrevermos, desabafanfo o que nos vai na alma, tem o que se lhe diga. Depois de já ter escrito (e re-escrito) alguns posts, tenho dificuldade em publicá-los. Começo a olhar para eles, perguntando-me na óptica de quem os vai ler (se bem que não são assim tantas as pessoas), se serão agressivos, incompreensíveis ou capazes de ferir susceptibilidades.

Porque, um facto é que isto serve para alimentar um mal da nossa sociedade. Ou pelo menos da sociedade Portuguesa. Parece que vivemos num mesmismo, num saudosismo incurável. Lamentamos e recordamos o velho tempo, aqueles que passaram... Esses é que eram sempre bons! Relembramos, constantemente, para nos afirmarmos, como fomos grandes na época quinhentista! O que conquistámos, por onde passámos! O Mundo foi partido em dois... e uma metade era nossa...

Pois bem... Fomos, éramos, era, já foi... Porque é que continuamos presos às memórias...Será a nossa capacidade mnésica é assim tão fabulosa que não nos permita esquecer os feitos de outros tempos! Tempos que tão pouco nos trazem vantagens nos dias que correm... Mas esquecemos os fracassos habilmente, ignorando as lições que temos que reter com os mesmos.

Para além deste pequeno fenómeno mnésico, temos ainda a capacidade de nos lamentarmos de tudo o que nos acontece... E sinceramente, isso é algo que vai do particular para o geral... E com grande pena minha, começa em mim! Hoje dei por mim a reflectir que levo a vida a queixar-me das minhas dores, das minhas preocupações, do trabalho... E não só sou eu! Eu, todos à minha volta, a comunicação social, o comércio, a indústria. Não se passa um dia em que uma queixa não seja formulada, em que nos demos por satisfeitos com as condições em que vivemos!

Relacionando as duas questões, elas estão intimamente ligadas, e retroalimentam-se. Sentimos a falta de uma situação de destaque, anterior... Como tal queixamo-nos da situação em que nos encontramos, deste socialismo exarcebado, destas questões apartidárias... E então, lá vem a saudade outra vez...

Não obstante ser uma emoção exclusiva do povo de Língua Portuguesa (vejam a beleza e subtileza da coisa), e por isso, talvez, permaneçamos tão agarrados à perspectiva de que tempos já passados, voltem (ai aquela bela "ária" - ao tempo... volta p'a trás"), mas parece que é desculpa para tudo hoje em dia. Talvez por isso não consigamos andar para a frente.

Não é à toa que os chineses deitam fora o que é velho na passagem de ano. Para eles é simbólico: estão a abrir espaço para que novas coisas entrem, e ocupem o lugar vazio, deixado pelas antigas. Se não nos libertarmos do passado, não podemos viver o futuro. E se não nos libertarmos do medo de perdermos os pontos de referência, nunca mais vamos abandonar este poleiro de outros tempos... Somos incríveis. Sentimos a saudades dos tempos em que éramos aventureiros destemidos, tempo em que procurávamos o amanhã... Mas não sentimos saudade nem nos lamentamos por termos perdidos as qualidades que nos distinguiam de outros povos, e que foram responsáveis pela notoriedade que alcançámos.

Faz-nos falta o esforço individual, como o colectivo, de procurarmos superar estas saudades... Não são erradas! Mas são limitativas... Faz-nos falta acreditar que outros dias virão! Que há um futuro para ser vivido, sem medos e sem fronteiras! Porque o mundo está cheio de oportunidades. Deixamo-nos prender por dificuldades antecipadas, e pelas saudades destes tempos, que se instalam, assim que mudarmos...

Resistência à mudança. Este é o verdadeiro significado de saudade. Se a "saudade" dos tempos aventureiros descrevia o sentimento de ligação às pessoas deixadas para trás, do facto da sua presença na nossa vida depender da nossa capacidade de a evocarmos, hoje em dia a saudade apenas representa o medo da mudança, de agarrarmos os desafios com um pouco de fé ou de vontade de vencer.

Falo por mim novamente... Porque levamos a vida a queixarmo-nos das situações em que vivemos, mas não fazemos absolutamente nada para as mudar?!? Será que isso, então, nos dá o direito de nos lamentarmos do que temos!? Quem cala consente minha gente! E nós temos andado muito tempo calados.

Ai Camões, se ele visse o povo de hoje em dia... Que paradoxo! - diria.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Preguiça...

Hoje estou aqui, a fazer resistência ao trabalho que tende a acumular-se em cima da secretária, quase na mesma proporção em que o pó tende a encher as casas... Caneco! Porque será que, quando temos tarefas a realizar, arranjamos milhares de coisas (menos importantes) para fazer (tal como postar no nosso blog pessoal?!?!)?? Será que alguém me explica porquê?!? Se uma pessoa está em casa, e não tem nada para fazer, aborrece-se porque está parado... Se estamos no trabalho, lamentamos não podermos estar em casa, em frente à televisão, sem nada para fazer!!! Acho que sou um poço de paradoxos... Provavelmente, quando acabar este post, vou pegar em mim, e vou ver emails em atraso, enviar mais uns tantos, responder a outros e queixar-me do SPAM que tende a encher-me a caixa, numa proporção maior (ainda) do que o pó!
Acabei de descobrir que o pó é um bom meio de comparação... tudo cresce na mesma proporção do pó... Os problemas são como o pó... Uma pessoa até limpa, mas eles voltam sempre... :) Bem... Verdade, vedadinha... É que hoje não me apetece mesmo trabalhar... Hummmmm... Tenho que ir buscar um póster!

Até jááááááááááá

terça-feira, 21 de novembro de 2006

O mundo tal como ele é...

Correndo o risco de plagiar: eu já não sei se sei!
Esta grande frase traduz os tempos de insegurança e vivências problemáticas que atravessamos... Não é fácil, não é simples, não é correcto! A cada esquina vemos um pouco mais de miséria, de dificuldades, de azar... Eu já não sei se sei, o que é sentir, amor! Onde está o amor?!? Onde estão os sorrisos?!?

Parece que nos colocaram umas lentes cinzentas, que dão gradientes pesados e complexos à nossa percepção... Esse processo de reinterpretação das nossas sensações, com base nos nossos esquemas cognitivos, dá-nos cabo do cenário...

Lembram-se como era, quando eramos crianças!?? A facilidade com que tudo se deslindava perante os nossos olhos... A vontade com que nos relacionavamos com os outros... Rapidamente nos chateavamos com os nossos melhores amigos, para 10 minutos mais tarde estarmos, novamente, a brincar com todos eles. As situações eram relativizadas e esquecidas, postas a um canto das nossas memórias... Abríamos cada prenda como se fosse a última, choravamos como se não houvesse amanhã, por um simples corte na mão, abraçavamos e beijavamos sem pensarmos que existiam doenças contagiosas, ficavamos em casa quando estavamos doentes.
Hoje em dia tudo se alterou... O nosso sistema perceptivo está mais completo, mas igualmente, complexo. Fictício, é o esforço de nos darmos com todos, sem preterirmos alguém. Quando nos chateamos é de vez, cortamos relações, e integramos rancores nos nossos esquemas mentais. A desculpa não faz parte das nossas acções, como a compreensão, ou a ajuda. E "desculpa" não faz parte do nosso sistema de orgulho pessoal. Cumprimentamos com reservas, e com algum interesse à mistura. Não choramos! Trabalhamos doentes e em pleno esforço físico. Criamos monstros em nós, que escondemos durante o dia, mas que nos acordam à noite! E toda a gente nos diz, como se fosse verdade: isso é crescer!

Façamos um acordo connosco mesmos! Vamos acordar um dia, e agradecer, seja a quem for, pelo o Sol nos aquece a pele, por termos alguém a quem abraçar ou tocar, por termos uma casa, comida na mesa, e um carro com o depósito na reserva, mesmo ali à porta... Um computador para nos relativizar as nossas misérias, e uma família para descarregarmos as ânsias!

O mundo é tão belo, segue um ritmo tão próprio, e destruímo-nos sempre que não o respeitamos! Vamos por partes, vamos com calma, mas vamos! Vamos sonhar, desejar, amar! Acreditar que tudo, um dia vai melhorar, vai ser mais bonito, mais interessante... Estamos a envelhecer... Melhor do que hoje, nunca vamos estar! Então, olhemo-nos ao espelho, vejamos a beleza que há em nós, mudemos as lentes da nossa interpretação e acreditemos... Como acreditavamos quando eramos crianças!

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

A primeira vez...

Pois é... Este é o meu primeiro e, esperemos, único Blog... Sinceramente, sempre tive vontade de ter um blog... Mas o facto destes pequenos textos da nossa alma serem, no meu entender, autênticos laivos narcísicos, deteve-me durante algum tempo!
Mas todas as pessoas têm direito a um pouco de egocentrismo, quanto mais não seja para se sentirem humanas, e eu não sou excepção!
A ideia será ter um local, só meu, onde possa colocar, de forma impulsiva, os meus sentimentos, onde possa descarregar as minhas frustrações e, obviamente, dar forma a um desejo antigo: o de escrever.
Como creio não ser um David Mourão Ferreira, que faz feitiços com as palavras, ou não ter o dom de uma Marion Zimmer-Bradley, para imaginar histórias épicas do tempo do rei artur, vou ter que me contentar com este cantinho, num blog, à beira-net plantado! (ora aqui está um novo conceito)
A segunda intenção, subjacente a esta "coisa" é lançar verdadeiros desafios de argumentação... Quero ouvir o que o resto do mundo tem para me dizer... Um mundo sem rosto, mas cheio de opinião!
Conto convosco, amiguinhos!
Comentem à vontade... Pois esta é a minha primeira vez... (pensei que fosse pior)