sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Mudanças na Língua Portuguesa

Deparei-me, ontem, e com alguma incredulidade permitam-me acrescentar, com a uniformização da Língua Portuguesa.
A língua em que Camões epicamente escreveu os Lusíadas, a 3ª língua mais falada e usada na Europa, a quinta língua com maior expressão no mundo, vai mudar.

A sua diversidade, intrínseca à história do nosso povo, há culturalização de outros povos e às influências dessas mesmas populações, vai agora ser reduzida para que haja uma maior concordância entre todos os países.

Não costumo ser nacionalista fanática, mas a forma como falamos e, consequentemente, como escrevemos faz parte da nossa identidade e da nossa cultura.

A tentativa de uniformização é importante, mas as mudanças serão complicadas de ingerir para quem sempre escreveu húmido com "h".

Compreendo as dificuldades sentidas pelos trabalhadores que dependem da língua, como tradutores e afins, sempre que têm que adequar as traduções às modificações dos países, quando a base é a mesma...

No entanto, a modificação de 1,6% da nossa língua é o suficiente para me deixar triste pela necessidade que temos de perder 1,6% da nossa identidade, da forma como nos expressamos e por termos que combater a frustração das repreensões (bem dadas, por sinal) dos professores, sempre e quando, "assassinávamos" o nosso Português.

Tenciono tentar adaptar-me. Não gosto de ser velho(a) do Restelo, que se recusa a aceitar tempos de mudança e de evolução. Espero que o poeta tenha razão e que a velha máxima da Coca-Cola se possa agora adaptar a esta nova condição:
- Primeiro estranha-se, depois entranha-se!

Boas mudanças.

Metamorfose

Luz,
Fascínio em mim que antevejo no teu reflexo

A loucura do mundo
a tristeza das gentes

a doçura das crianças
contrastam cambiando a visão da vida

Liberto-me do meu ser
para ser verdadeiramente quem sou
Procuro-me nas ruelas
Procuro-me nas casas
Procuro-me nos montes
Não me acho

Encontro-me quando me perco
Sem noção do tempo
Sem querer saber do espaço

Fecho-me
Visto-me de roupagens de outrora
Vergando-me perante a minha insuficiência

Cresço
Sofrendo e amando
Vejo-te novamente
Agora reflectido em mim
E nesse momento sei

Foste feito para mim

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Mudar

Tenho dias em que me sento ao volante do meu carro e em vez de percorrer as estradas cinzentas que se estendem à minha frente, percorro os caminhos das minhas interrogações.

Estamos constantemente em evolução. É um facto! Olho à minha volta e reflicto sobre tudo o que me cerca. A selva de pedra que deixo para trás esconde segredos de desenvolvimento tecnológico que, por mais anos que viva, nunca dominarei. O Sol que me encandeia a visão por breves instantes está medido, tem massa e sabemos a quanto dista de nós... Estamos rodeados de conhecimento...

E, então, os meus ouvidos filtram as notícias da manhã, deixando-me desiludida com o que oiço... As notícias trazem uma quantidade de afirmativas sobre a natureza humana que me fazem crer que, durante a noite, aterrei num planeta desconhecido.

Será que a par de tal evolução tecnológica nós, os homens, avançámos? Penso, então, no que é necessário para mudarmos... Enquanto sociedade humana evoluímos... Alegro-me enquanto relativizo o que ouvi e me faço crer que as atrocidades são comportamentos desviantes, individualizados e contextualizados num meio desfavorável a outras condutas. A inevitabilidade cerca essa ocasião e deixa-me mais relaxada quanto ao futuro da humanidade.

Mas será que nós fazemos um esforço para mudar? O que nos custa mudar? São interrogações que me ocupam o pensamento por algum tempo.

O processo de mudança não nos é fácil... Implica reconhecermos que não somos perfeitos, que não somos infalíveis e que não somos senhores de todo o conhecimento... A partir desse acto de humildade, procuramos dentro de nós a causa de todo o mal! Inicialmente, custa olhar para dentro de nós. É doloroso! Encontramos caprichos, orgulho, teimosia, reparamos como temos um feitio difícil. Recusamo-nos a reconhecer perante os outros, mas começamos a reconhecer para nós que a vida é consequência da nossa postura no mundo.
A pouco e a pouco vamo-nos abrindo a essa viagem interior. Nem sempre fácil, em linha tortas, com situações recalcadas e mal vividas. Magoámos sem sabermos... E isso custa a aceitar...
Mas é chegado o momento da libertação. Identificado o problema, começamos a delinear uma estratégia para a mudança.

Mas por onde começar? Está tudo confuso, está tudo misturado! Sentimo-nos perdidos dentro desse processo de alteração pessoal... Choramos, resignamo-nos, irritamo-nos connosco quando nos parece que não saímos do mesmo sítio. E às vezes nem nos mexemos um milímetro.

Até que um dia, passados meses, anos talvez, acordamos e verificamos que mudámos. Para melhor...

A mudança acaba por ser um decepar de ramos mortos, folhas envelhecidas e com necroses, que arrancamos do nosso tronco, dolorosamente... Não admira que tentemos, primeiro, não mudar!

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Noites de televisão

Ontem foi uma autêntica noite de televisão, merecedora de denominação "serão de domingo"... Sabem quais são? Aquelas cujo conteúdo televisivo não tem grande interesse mas que fazemos um esforço para ver porque não há nada mais a fazer... Como se fosse domingo!

E como se fosse domingo deu o programa ex-libris da RTP1 que, em tempo idos, todos viamos como se de novelas se tratassem... O que é feito do 1,2,3... O que é feito de uma Roda da Sorte... E a Com a Verdade M'enganas! Nada substitui esses velhos programas de entretenimento. Mas ontem, como todos os dias, foi dia de Herança! E para mim é o programa mais irritante de toda a televisão portuguesa... E não o é pela apresentadora, nem pelo suspense que cria, mas pela estupidez do último jogo.

Ora vejamos... Um sem número de palavras que estão, por sua vez, relacionadas a outra... Mas sem qualquer relação aparente entre elas! Depois de ontem, que foi o cúmulo, pus-me a pensar em diversas formas de fazer relações daquelas... Vejamos se me saí bem... As pistas são:
-Treta
-Lisboa
-Pessoas
-Dificuldade
-Dinheiro

Não, não é Governo, nem José Socrates, nem nada dessas coisas... É Herança! E porquê? Porque a Herança é uma treta; porque é filmada em Lisboa; participam pessoas; tem um alto grau de dificuldade; e dinheiro porque nunca dá prémios!!!

Como diría Fernando Pessa... E esta hein!

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Então, quando casas?

- Daqui a uns dois, três anos - tipifico eu, com um sorriso na cara, mas com um ar malicioso por dentro.

Nos dias que correm, com os anos a passar, essa questão parece tornar-se cada vez mais insistente na vida de uma mulher. Aprecio todos à minha volta quando me fazem uma questão semelhante, e observo os seus ares ávidos de um vestido branco, de um copo-de-água, de um bouquet de flores!!!

Pois é, caros leitores. Com vocês posso desabafar...

Mas porque é que tem que fazer do imaginário de todas as mulheres o dia do casamento? Será que é um passo assim tão essencial na vida de um casal? Será que não podemos ser felizes sem o stress que antecede qualquer festa de tal gabarito?

Eu não tenho essa ambição. Não me vejo requintadamente na nave de uma igreja, ao som do Avé Maria, cantado por uma soprano lírica que nos levou os olhos da cara para 10 minutos de música. Nunca tive pretensões de ser princesa por um dia... Por outro lado, não concebo um casamento meu, com um trabalhador do cartório, dizendo uma lengalenga interminável, pondo a minha vida a nu perante um sem número de pessoas que se emocionam perante tal palavreado.

Efectivamente, olho para uma relação como sendo a expressão máxima de dois seres que se amam, que partilham sentimentos, espaço físico e que procuram construir uma vivência conjunta. Gosto de acreditar que as emoções de uma festa de casamento são para serem vividas ao longo de todos os momentos, que essa felicidade pode ser estendida e mantida ao longo de diversos anos. Para quê gastar tudo num dia?

Por isso, comecem a enviar as prendas, porque pretendo apenas "ir casando"... E já sabem, se estão à espera da festa... Daqui a uns dois ou três anos, sensivelmente, independentemente da data em que perguntarem...

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Verão!??! Onde!?!?

Uma pessoa por vezes perde a noção do tempo... Há imenso tempo que não me agarrava ao teclado do meu pc para me dedicar a este meu cantinho de desabafos e reconhecimentos pessoais.

Hoje, especialmente, faz um dia cinzento, quando a expectativa seria de estar calor, sol, e nós deveríamos queixarmo-nos junto dos colegas de trabalho de como não conseguíamos dormir. Ao contrário dessa sensação desconfortável olho-me ao espelho e vejo-me de sapatos fechados (ao invés das habituais sandálias usadas nesta altura do ano) e de camisola de manga comprida, vestida por cima da t-shirt.

Eu sempre fui friorenta. Mas num dia como o de hoje, em que já choveu e o céu teima em estar cinzento, considero que todo o ser humano normal deve sentir algum desconforto em andar despido "à verão"...

Porém, qual não é o meu espanto e incredulidade, quando ao ir às compras observo um sem número de pessoas, passeando a unha do pé em sapato aberto, e mostrando a axila, quase como se de um anúncio DOVE se tratasse... Efectivamente alguma coisa está mal no mundo.

Verificando atentamente este fenómeno, vejo que algumas pessoas estão, de facto, com frio. Evitam a zona dos iogurtes no hiper, está muita gente nos corredores fechados, mas mesmo assim, há uma faixa de pessoas (e bem alargada por sinal) que permanece na rua, sentada em esplanadas, entrando e saindo de lojas sem aparente conhecimento da situação climatérica que está à nossa volta.

Acho curioso... E no fundo a inveja ataca-me! Como gostaria de ser assim, despreocupada com a temperatura, passear-me na mesma, sonhando com um sol radioso e recusando-me a acreditar que o planeta fez uma inversão no eixo e que, de facto, estamos a andar para o inverno, em vez de andarmos para o verão... Ajudem-me por favor... Digam-me que não sofro de nenhum desvio de temperatura basal...

E já agora S. Pedro... Agora que S. António já acabou, pára lá com a ciumeira e manda vir o bom tempo. Um abraço a todos aqueles que conseguem calçar sandálias.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

A sensibilidade dos machos

Às vezes espanto-me com a sensibilidade dos homens, seja pela positiva como pela negativa. Homens de Portugal, e ocasionais leitores do meu blog, não quero, de forma alguma, ofender a parte complementar da mulher. Compreendo a vossa presença, a necessidade que temos de estar ligados a vocês, mas temos que convir que a educação e a socialização são coisas (quase) impossíveis de contornar.

Passo a explicar o meu ponto de vista… Nós as mulheres somos bichos complicados, não desminto. No entanto não viemos de Vénus, e não custa assim tanto tentar compreender o nosso funcionamento. Aproveito para vos deixar uma novidade: vocês não são, igualmente, fáceis de contentar!!!!

Mas vamos por partes… Acho que há coisas básicas que um homem, um companheiro, deve ter com conta quando fala com a sua companheira (desculpa amiga, mas não consigo arranjar palavra para substituir este termo que tanto detestas… avante). Por exemplo, não se fala desinteressadamente do corpo de outras mulheres, não se fazem reparos nem comparações por mais honestas que sejam, e mesmo que não tenham segundas intenções complementares. É complicado pensarmos que podemos não ser o protótipo, o arquétipo perfeito dos homens que amamos. Desilude, magoa, complica-nos o sistema emotivo-racional de que tantos nos orgulhamos.

Tenham, também, em atenção que o nosso silêncio, não é apenas ausência de qualquer sentimento ou pensamento… Pelo contrário… significa tudo o que não querem saber, o que ignoram, e tudo aquilo que nos desagrada.

Sei que têm razão que quando dizem que devemos ser directas, verbalizar, não rodear… Mas uma mulher não seria mulher, se não fizesse curvas para andar em linha recta. Aliás… devo lembrar-vos que foi o bambolear curvilíneo das nossas ancas, às voltas pela pista, pela rua ou pela praia que, inicialmente, vos encantou.

Mas também há homens demasiado sensíveis… Que amam demais… Que são por demais emotivos. E que, por isso, sofrem muito mais do que qualquer mulher quando são abandonados. E isso é apreciável. Porque apesar de nos podermos identificar com eles, não vivemos o duelo de sermos objectivos e ao mesmo tempo de sermos emotivos. Não recai sobre nós o estereótipo de um homem frio e insensível que não liga aos sentimentos da mulher amada. Discriminamos e colocamos de parte homens que nos abraçam, que nos ouvem, que nos acolhem em seu coração como sendo as pessoas mais belas e adoradas do mundo.

No fundo, consigo perceber porque homens e mulheres nunca se entendem… Porque querem, sempre, aquilo que não pode ser dado.

Não é fácil agradar quem está ao nosso lado… Há sempre pormenores que nos passam ao lado e que provocam a maior desilusão. Há acções que nos ferem e que pareciam inofensivas aos olhos de quem as pratica. Pensamos, muitas vezes, estar a fazer o melhor possível e, no entanto, estamos a falhar redondamente.

Analisando bem as coisas, homens e mulheres são mais parecidos, na sua essência, do que aquilo que desejariam… e muitas vezes, acabamos por nos anular com medo de nos interpretarmos mutuamente…

quarta-feira, 16 de maio de 2007

São dias assim...

Há dias complicados. Por mais que uma pessoa se queira manter idónea, correcta, há situações que nos deixam fora de nós.

Não é fácil viver-se num mundo de desigualdades subtis, em que o status e o papel que ocupamos são mais importantes que o companheirismo e que a simpatia. E infelizmente não podemos mudar os outros.

Isto deixa-me a reflectir e leva-me a perceber que apenas posso mudar-me a mim mesma. Pode ser que esse seja o caminho. O tentar encontrar-me a mim, antes de confrontar os outros na sua existência. Percebo que essa seja a única solução para os problemas relacionais, já que os outros se consideram sempre correctos na sua posição.

Reflectindo nesse aspecto, vejo que não sou ninguém para verificar que estes não estão correctos. De facto, não sou ninguém para os julgar nas suas posições. Mas uma vez na vida gostava de ser capaz de não me irritar com essas situações. Gostava de ser capaz de lidar com tudo de outra forma, de me impor pela ausência de irritação e de revolta. A sorte é que passa depressa. E daqui a uns segundos já não vai ter importância nenhuma!

Tento pensar, nestes momentos, que o sol brilha, que a terra gira, que há quem esteja na praia a contemplar o mar, quem coma um gelado saboroso, que tenho amigos, liberdade, namorado, família... Que sou mais completa e complexa que estes problemas, que vou conseguir ultrapassá-los. Que posso fazer uma catarse através destas palavras, esquecer-me dos acontecimento e relevar a natureza humana menos perfeita.

Somos todos imperfeitos... Tudo só pode ter origem na nossa imperfeição.

sábado, 14 de abril de 2007

Espelho meu… Há alguém mais complexado do que eu?

Já não é a primeira vez que faço alusão às questões do corpo neste singelo blog. Aliás, este tema está em muitos posts que, por diversas deficiências ou por demasiadas confidências, nunca chegaram a ser publicados.

A época do calor parece ter (finalmente!!) começado! O calor começa a andar no ar, pelo menos à tarde, e os corpos, quais caracóis com predilecção pelo sol, começam a desnudar… Primeiro um dedo do pé numa sandália fresquinha, depois um tornozelo atrevido, um decote, uma saia, e quando damos por nós, estamos de calções e t-shirt vendo as montras da estação que ainda há-de vir…

E é então que elas surgem… Despem-se os corpos de preconceitos e a gordura não é menos infeliz!

Hoje tive o que costumo classificar carinhosamente de choque do ano! Depois de muitos dias entrapada entre meias, calças, camisolas, camiseiros e camisolões, finalmente pus um biquini pela primeira vez. Devo argumentar que não foi para ir à praia, mas sim para ir ter uma aula em outdoor… Mas isso são outras conversas.

Apesar de na minha mente já residirem os receios de uma Páscoa menos aconselhável, do ponto de vista alimentício, hoje tive as confirmações. Ao olhar-me ao espelho deparei-me com a minha figura num soutien e cuecas de época! E que tristeza… depois de vermos os outdoors da Cláudia Vieria, tudo deixa de ter qualquer propósito na vida de uma mulher, pois nunca vamos ser assim… Mas a triste figura, branca, aliás, pálida, de uma anca larga, de uma coxa grossa e de um inestético pneu na barriga que por mais abdominais que faça, jamais desaparece, deixou-me com a auto-estima de rastos.

Gosto muito mais de me ver vestida… Tenho a certeza que no dia em que Eva estendeu uma parca flor de parreira ao Adão não terá sido por se incomodar com o facto de ele estar nu, mas porque, certamente, uma banhinha mal colocada começava a surgir… É que ninguém come tantas maçãs do diabo (deviam ser caramelizadas) sem pagar por isso.

A realidade é que sempre tive complexos com a minha figura feminina, com curvas (e que curvas), as quais nunca soube conduzir por bons caminhos.

Acho que nenhuma mulher está totalmente contente com o corpo que tem… Não, pelo menos, nos 30 dias do mês… Aqueles míticos dias vermelhos arrasam qualquer percepção corporal mais equilibrada e acho que isso contribuiu fortemente para a visão deplorável que percepcionei naquele espelho. Claro está que mil e uma resoluções se fixaram na minha mente, lá no canto escuro onde costumo por as resoluções de ano novo. Claro está que lhes entreguei uma lanterna para viajarem pelo resto do cérebro para que, arduamente, convencessem as outras áreas a fazer uma dieta de necessidades de açúcar. “Há que convencer a atenção e a concentração de que o açúcar não é uma alternativa viável” – disse-lhes.
O curioso é que essas resoluções são um pouco feitas da sua própria essência e, de facto, são compostas por muita pouca vontade e capacidade de persuasão.

Ainda agora, e já vamos a meio tarde estou de tal modo abalada que me apetece um gelado. A minha mente abre-me caminho até à publicidade dos novos magnuns que me parecem geniais na sua composição malévola para qualquer melhor intenção.
Por outro lado, a minha imagem corporal da adolescência, de uns kilos e números a mais do que o recomendado, persegue-me, acrescentando umas gramas à consciência. Se olhar à volta sou capaz de encontrar 10 exemplos piores que os meus e isso, paradoxalmente, alimenta as duas partes de mim.

Quero acreditar que é possível ter um corpo de sonho… Porém reside a dificuldade em perceber se esse corpo só existe no mundo dos sonhos ou se apenas se mantém pela mesma fracção de segundos, para rapidamente ser substituído pela realidade comum: um kilo a mais e gordura localizada.

Boa entrada na época Primavera/Verão a todos!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Impasses

Acreditar no futuro é uma necessidade intrínseca ao ser humano... E eu não sou excepção.

Quero acreditar, neste momento, que vou ter a oportunidade de realizar os meus projectos... A frustrução, por vezes, ocupa-se de mim. Quero esconder-me dela, mas é grande o suficiente para me encontrar nos cantos em que me escondo.

Olho à minha volta. Será que fiz o suficiente para cumprir os meus projectos? Será que me esforço o suficiente para chegar até aos meus objectivos? Tento, mais uma vez, olhar de forma positiva para o futuro... Mas qual futuro? A indecisão apodera-se de mim.... A incerteza é premente, permanente, perceptível...

Como soo aos ouvidos de todos aqueles que nem uma situação precária têm? Injurío a oportunidade que me foi dada... Mas queria saber o que me espera... Posso olhar para o futuro? A incerteza faz parte da vida... No entanto, acho que ainda não tenho maturidade suficiente para a compreender, para ver a sua beleza e aprender a lição que me quer dar...

Tudo é incerto... a própria vida tem um fim, incerto... E isso não nos incomoda minimanente... Queria fazer o mesmo com o resto? Quem me ensina?

terça-feira, 20 de março de 2007

Bloqueio de Escritora

Sei que não me posso anunciar como escritora... Bem, pelo menos, não como um Gabriel Garcia Marquez... Certamente não tenho a mestria deste grande senhor das palavras... Ele sim, sabe como utilizá-las, unindo-as de uma forma única, capacitando qualquer simples história de uma magia delicada e adorável.

Mas... Num processo contínuo de crescimento interno, gosto de escrever... Mas os bloqueios têm dado cabo da minha (in)capacidade de juntar mais de 3 palavras numa linha e estas fazerem algum sentido aparente.

De onde virão os bloqueios dos escritores?! Será que há uma terra, um plano paralelo para onde fogem as ideias, as piadas... A terra da imaginação terá fechado as portas à criatividade?!? Ou será que se direccionou noutra perspectiva mundana à qual ainda não tenho a senha de acesso!?!?

Ajudem-me lá.. Imaginação?!? Criatividade?!? Onde estais vós, cavaleiros alados do meu entendimento e do meu entretenimento?!

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Dia de S. Valentim

Celebra-se, hoje, o dia de um santo que foi morto por casar às escondidas jovens soldados romanos e as suas prometidas. Conta a história que o imperador, percebendo que os soldados mais valorosos eram os solteiros, proibiu que estes se casassem. Valentim, então padre, casava os soldados, entre ruas e vielas, o que levou a que fosse decapitado!

A história não tem muito de bonito, quanto muito, tem de romântico, numa nuance que Shakespeare apreciaria, com mortes e sangue à mistura. Tempos volvidos e o dia de S. Valentim tem duas finalidades: Deprimir aqueles que estão sem namorado, ou então, fazer com que aqueles que foram abençoados com uma cara metade, possam gastar mais uns trocados.

Não quero parecer amarga, mas há medida que hoje fui recebendo os habituais "Feliz Dia de S. Valentim", seja por messenger, no café ou nos corredores, fui dando comigo a reflectir no que teria este dia de tãoooo especial. Conclusão: mas porque é que tínhamos que inventar um dia, em que as pessoas têem que se lembrar que há alguém na sua vida, que é especial!?!? Ora essa...

Continuei a pensar... Será que gosto do dia de S. Valentim? Não sei... Não é feriado (o que é pena)! Gostava sim, que existisse uma preocupação constante em construir relações em que todos os dias tivessem algo de especial.

Agora, podem vocês caros leitores ausentes, comentar este meu idealismo. Bem, de idealismo, tem pouco. O amor, cientificamente falando, pode ser descrito como a articulação de 3 variáveis, que se organizam num triâgulo. Pensem no curioso que isto é, já que se diz que no amor "3 é demais". Mas continuemos. Uma das teorias mais aceites é a de Sternberg, que refere que o amor se desenvolve assente na Paixão, no Comprometimento e na Intimidade. A sua teoria vai mais longe afirmando, mesmo, que a inexistência de um desses três vórtices faz surgir um novo sentimento.
Ora, se tivermos em conta que a paixão dura, máximo dos máximos, 3 anos, e a intimidade está estabelecida ao fim de 6/7 anos, então, podemos compreender porque é que os relacionamentos têm a crise dos 3 e dos 7 anos!

Mas não é sobre isso que me quero debruçar... Voltando à vaca fria! Se nós tivessemos uma preocupação em cuidar das nossas relações, saberíamos que a paixão, apesar de acabar pode sempre iniciar novos ciclos. As pessoas podem desenvolver novas formas de intimidade, e o comprometimento vai sempre crescendo na razão desses dois vórtices. O comprometimento está muito ligado à amizade e à capacidade de assumir compromissos com a pessoa que amamos. O Compromisso poderá ser manter a chama da paixão acesa... Todos os dias são bons para oferecer uma flor. Para fazer uma surpresa. Para rechear o quarto de velas! Para jantar na praia, enrolados numa manta... Para fugir para o pinhal e fazer um pic-nic. Para jogar um jogo mais caliente... A Paixão é feita de ternuras... Mas acima de tudo, de uma relação sexual equilibrada e vivida numa plenitude dual!

Já a intimidade precisa de uma renovação mais elaborada. Não é fácil manter o nível de intimidade numa zona óptima. Esta implica muita confiança... Para que a intimidade nunca se esgote é necessário ter sempre coisas a descobrir. Se vivermos colados uns aos outros, torna-se impossível. «Não percas o teu mistério», frase sábia do pai do rock'n'roll português, mas é um facto. O mistério promove a procura de intimidade e acende um pouco mais a paixão.

O comprometimento faz-nos acreditar que temos um compromisso com aquela pessoa. Não me vou pôr a ditar leis moralistas porque não sou ninguém para o fazer. Um acordo é entre duas pessoas, e desde que ambas se sintam felizes, é sinal que o comprometimento é o correcto.

Por isso caros valentianos, que procuram o reancender das chamas da paixão neste dia, tenham calma, guardem um bocadinho para o resto do ano, e verão que. S. Valentim é como o Natal...Vermelho!!! Mas também, quando um homem quiser.