quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Mudar

Tenho dias em que me sento ao volante do meu carro e em vez de percorrer as estradas cinzentas que se estendem à minha frente, percorro os caminhos das minhas interrogações.

Estamos constantemente em evolução. É um facto! Olho à minha volta e reflicto sobre tudo o que me cerca. A selva de pedra que deixo para trás esconde segredos de desenvolvimento tecnológico que, por mais anos que viva, nunca dominarei. O Sol que me encandeia a visão por breves instantes está medido, tem massa e sabemos a quanto dista de nós... Estamos rodeados de conhecimento...

E, então, os meus ouvidos filtram as notícias da manhã, deixando-me desiludida com o que oiço... As notícias trazem uma quantidade de afirmativas sobre a natureza humana que me fazem crer que, durante a noite, aterrei num planeta desconhecido.

Será que a par de tal evolução tecnológica nós, os homens, avançámos? Penso, então, no que é necessário para mudarmos... Enquanto sociedade humana evoluímos... Alegro-me enquanto relativizo o que ouvi e me faço crer que as atrocidades são comportamentos desviantes, individualizados e contextualizados num meio desfavorável a outras condutas. A inevitabilidade cerca essa ocasião e deixa-me mais relaxada quanto ao futuro da humanidade.

Mas será que nós fazemos um esforço para mudar? O que nos custa mudar? São interrogações que me ocupam o pensamento por algum tempo.

O processo de mudança não nos é fácil... Implica reconhecermos que não somos perfeitos, que não somos infalíveis e que não somos senhores de todo o conhecimento... A partir desse acto de humildade, procuramos dentro de nós a causa de todo o mal! Inicialmente, custa olhar para dentro de nós. É doloroso! Encontramos caprichos, orgulho, teimosia, reparamos como temos um feitio difícil. Recusamo-nos a reconhecer perante os outros, mas começamos a reconhecer para nós que a vida é consequência da nossa postura no mundo.
A pouco e a pouco vamo-nos abrindo a essa viagem interior. Nem sempre fácil, em linha tortas, com situações recalcadas e mal vividas. Magoámos sem sabermos... E isso custa a aceitar...
Mas é chegado o momento da libertação. Identificado o problema, começamos a delinear uma estratégia para a mudança.

Mas por onde começar? Está tudo confuso, está tudo misturado! Sentimo-nos perdidos dentro desse processo de alteração pessoal... Choramos, resignamo-nos, irritamo-nos connosco quando nos parece que não saímos do mesmo sítio. E às vezes nem nos mexemos um milímetro.

Até que um dia, passados meses, anos talvez, acordamos e verificamos que mudámos. Para melhor...

A mudança acaba por ser um decepar de ramos mortos, folhas envelhecidas e com necroses, que arrancamos do nosso tronco, dolorosamente... Não admira que tentemos, primeiro, não mudar!

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